Grande parte de nossa formação pessoal é baseada nos exemplos que vivenciamos, principalmente em nossa infância, fase em que entendemos que podemos replicar tudo o que vemos os outros fazerem.
No entanto, nessa fase a consciência sobre o que é certo ou errado quase inexiste e assim, a criança tende a replicar ações todas as ações, positivas e negativas, dos adultos que a cercam, como se todas fossem "normais".
Os pais e educadores tentam limitar os comportamentos negativos, através da disciplina mas se os exemplos negativos continuam, com o passar do tempo, os argumentos disciplinares vão se fragilizando e mais cedo ou mais tarde a criança emitirá a célebre frase: " Mas você também faz!!!!"
Em se tratando de Educação Financeira, é importante que os adultos, Familiares e Educadores principalmente, reflitam sobre o quanto seus comportamentos financeiros possam estar contribuindo para que as crianças ( ou jovens ) com quem convivem, criem hábitos negativos ou inconsequentes em seu relacionamento com o dinheiro.
Veja alguns exemplos de ações financeiras positivas, que devem ser praticadas e compartilhadas em ambientes familiares:
Priorização do dinheiro para necessidades vitais
É importante termos consciência e principalmente conscientizarmos nossos "pequenos" que como seres vivos, temos algumas necessidades prioritárias como saúde, alimentação, abrigo, higiene, vestuário, etc, que nos acompanharão pela vida toda. No contexto social em que vivemos, para conseguirmos mantê-las num padrão seguro de sobrevivência, precisaremos de dinheiro. Ou seja, primeiro precisamos formar reservas que garantam nosso bem estar para depois pensarmos em outros gastos.
Orientações sobre a origem do dinheiro da família
As crianças testemunham diariamente os adultos comprando coisas e o que vêem é uma coisa muito simples: os adultos resolvem comprar, compram, pagam com dinheiro ou cartão ( o que é pior ), e levam.
Desse modo elas aprendem que para comprar, basta querer.
É de máxima importância que as crianças sejam orientadas sobre o esforço que os adultos fazem para conseguir seu dinheiro, para que elas saibam que antes de comprar, é preciso se esforçar para conquistar o dinheiro.
Planejamento e controle financeiro pessoal e familiar
Os gastos de um, podem influenciar na segurança de todos. Nesse sentido todos precisamos ter um planejamento e o ideal é que esse seja compartilhado com todos os membros da família desde cedo através de conversas periódicas. As crianças e jovens precisam entender a importância disso a fim de criarem hábitos de controle do seu dinheiro, tendo em vista não só a questão pessoal mas também a coletiva.
Evitação de compras por impulso
as compras por impulso são as principais causas das crises financeiras pessoais e familiares. Sendo assim as mesmas precisam ser evitadas, principalmente na frente dos menores. O que deve ser feito, e na presença deles, é uma avaliação sobre a decisão de comprar ou não, baseada em critério como "real necessidade", "situação financeira", "prioridades", etc, para que adquiram uma visão crítica de custo benefício antes de qualquer decisão de compra.
Consumo consciente
outro limitador para o equilíbrio ou crescimentos financeiros são os desperdícios, ou porque compramos sem pensar, ou porque compramos por status temporário, ou porque compramos sem precisar, ou porque compramos mais do que precisamos, etc. Quando a criança nos vê jogando coisas fora ou coisas abandonadas nos cantos, sem uso, ela entende que essa é uma situação normal e que pode fazer a mesma coisa. Sendo assim, devemos ter maior consciência em nosso consumo e conversar com os mais novos sobre o assunto.
Valorização das relações pessoais
um problema grave que vem assolando nossa sociedade nas últimas décadas é a hipervalorização material, ou seja, a ideia de que é preciso ter ( se possível o melhor ) para ser reconhecido ou notado pelos outros.
No tratamento com os mais novos, a situação é mais grave pois o que geralmente acontece é que os pais disponibilizam bens materiais a fim de, ou suprir de alguma forma a ausência, ou de ter algo que ocupe o tempo das crianças, "liberando-os" dessa responsabilidade.
O resultado desses comportamentos, além do empenho financeiro desnecessário, é a desvalorização das relações interpessoais, tanto em família como em sociedade, o que deverá gerar frustrações diversas, principalmente na fase final da vida desses indivíduos.